Quando o problema é seu, a solução também é.

(Quase) todos os problemas da sua vida estão do seu lado do campo.

Problemas. Palavrinha comum, de muito uso e péssimo gosto. Fica bastante conhecida especialmente ao adentrarmos na vida adulta, quando começamos a flertar com a ideia de que nem tudo (ou quase nada?) sairá como gostaríamos.

Isso pode ser um prato cheio para algo que eu fujo a todo custo: vitimização. Não paramos muito pra pensar, mas se fazer de vítima é absolutamente cômodo, apesar de ser uma péssima estratégia. Se fôssemos parar pra pensar no sentido literal dessa palavra, vamos descobrir que a vítima é uma pessoa ferida, presa ou até morta por outra pessoa. Ou seja, quem é a vítima nunca pode ser a sua própria salvação, porque o problema está fora dela.

E é aqui que a reflexão de hoje entra, com tudo.

Caso você não esteja em nenhuma dessas 3 situações - e assim eu espero! - é bem provável que quase todos os problemas que você enfrenta hoje em sua vida tenham o sintoma, a raiz e a solução em você. E acredite: essa é uma excelente notícia.

Há 7 anos eu enfrentei uma dura transição de carreira, dessas que dá medo até o último fio de cabelo por ter um total de zero garantia de que daria certo. E a verdade é que antes de entender que esse movimento se faria necessário, eu me questionava bastante o que é que tinha de errado com a agência de publicidade que eu trabalhava, por que “ela não me motivava mais”?. Como é fácil e natural a gente terceirizar a responsabilidade, né?

A empresa para qual eu vendia diariamente o meu tempo e conhecimento não tinha, sob nenhuma hipótese, o dever de me motivar. Isso estava comigo. E quando eu entendi que não havia nada de errado nem comigo e nem com a agência, mas com o nosso match, uma luzinha acendeu em mim. Ela dizia: não vai ser fácil, mas vai valer a pena.

Esse é um exemplo dentre tantos outros que posso te dar. Eu atendo pessoas que não dormem tão cedo quanto gostariam porque o/a parceiro/a dorme tarde e fica difícil conciliar os horários. Eu escuto relatos de pessoas que querem beber menos mas não conseguem porque o encontro com os amigos é sempre regados de bons drinks. E claro, tem um grupo de pessoas (bem grande!) que não se cuida como gostaria porque as demandas externas consomem demais.

Veja, ainda que tudo isso seja legítimo e esteja embasado em medos reais (estar longe de quem gosta, ser diferente do grupo, se indispor com alguém querido), essa é uma forma de não se responsabilizar pelo que é seu. Você precisa pegar seu problema pra você.

Quase todos os nossos problemas tem tanto a causa quanto a consequência em nós mesmos.

Chamamos de problema uma situação que não gostamos, quando na verdade ela é sempre um convite para o crescimento e aprendizado. Se estivermos falando de problemas realmente não-solucionáveis, como a perda ou doença de um ente querido, há um longo caminho de transformação a se percorrer até que se entenda os porquês de isso acontecer em sua família - veja, eu já passei por isso e não estou aqui para julgar ou “padronizar” a dor de ninguém, mas é impossível você sair de uma perda dolorosa sendo a mesma pessoa que entrou.

E todos os outros problemas, que não tem essa natureza de tudo ou nada, viver ou morrer, são convites da vida para que a gente mude. Seja uma mudança na nossa relação com nós mesmos, na nossa relação com os outros ou até na forma como trabalhamos e vendemos nosso tempo, esse ativo tão precioso.

Em resumo: problemas trazem transformações e mudanças. E por mais que nossa mente entenda essa palavra como negativa e indesejável, há de se entender que sem os problemas nós passaríamos a vida toda indispostos a crescer, sem gratidão pelo que já temos, num piloto automático infinito.

Problemas são o convite para o crescimento.

Liste hoje os 3 principais problemas de sua vida. Talvez um deles seja realmente grande e doloroso, outros dois menores, ou um mix disso tudo. Ao lado de cada problema, respire fundo e responda: qual a minha responsabilidade na desordem da qual eu me queixo? (é lindo mas não é meu, e sim de Freud, rs). Torça muito para que todos eles tenham como responsável você mesmo/a, já que, no final do dia, essa é a única pessoa que você consegue controlar.

Enquanto nosso problema colocar o disfarce de “é porque meu marido, meu trabalho, meu cachorro, o governo, …” estaremos fora do controle. Vítimas da própria vida, das circunstâncias ou de outras pessoas. A melhor notícia possível para essa segunda feira: seus problemas são seus e as soluções deles também - ainda bem!

Boa segunda pra nós :)
Charis